Rejeição da aprovação do projeto de exploração sísmica no Mar Argentino.

Rejeição da aprovação do projeto de exploração sísmica no Mar Argentino. 1289 1218 Foro para la Conservación del Mar Patagónico

As organizações argentinas do Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência expressam sua rejeição categórica à aprovação do projeto apresentado pela empresa Equinor, para realizar a exploração sísmica na Bacia Norte Argentina, ao longo da costa sul da província de Buenos Aires. Este projeto foi aprovado pela Resolução Nº 436/2021 do Ministério Nacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, publicada hoje no Boletim Oficial do 30 de Dezembro de 2021.

Durante a Audiência Pública N°1/21 realizada em Julho passado, cujo objetivo era considerar a documentação da avaliação do impacto ambiental, mais de 90% das vozes que foram ouvidas durante a audiência de três dias, foram contra o projeto. Cientistas, pesquisadores, técnicos de várias instituições, organizações não governamentais e representantes do setor pesqueiro, destacaram os impactos negativos que a atividade poderia ter sobre a vida marinha e sobre outras atividades sócio-econômicas, como o turismo e a pesca, não só para a Argentina, mais também a nível regional.

Nessa audiência, o Fórum expressou sua preocupação e solicitou que fosse realizada uma avaliação ambiental estratégica antes de autorizar a atividade, o que não foi contemplado neste processo ou no relatório apresentado pela empresa.

O Estado argentino tem a responsabilidade de fazer valer o direito constitucional a um ambiente saudável e equilibrado, adequado ao desenvolvimento humano e às atividades produtivas para satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer as gerações futuras. Neste sentido, e à luz da crise ecológica e climática prevalecente, tem o dever de considerar a autorização de atividades produtivas a partir de uma análise abrangente dos impactos ecossistêmicos, sob o princípio de precaução imposto pela Lei Geral do Meio Ambiente No. 25.675. Da mesma forma, deve honrar os compromissos internacionais que o país subscreve, como os da Convenção sobre Diversidade Biológica e suas Metas de Aichi, que promovem a criação de áreas marinhas protegidas; o Acordo de Paris da Convenção sobre Mudança Climática, que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa para não exceder um aumento de 1,5ºC; e o Acordo de Escazú, sobre direitos de acesso em matéria ambiental. Em vista deste último, os anexos correspondentes devem ser incluídos na Resolução Nº 436/2021, para conhecer a totalidade de suas implicações, no que refere às devidas informações ambientais.

Os impactos negativos da atividade autorizada transcenderão os limites espaciais e temporais das concessões concedidas. Neste sentido, solicitamos à autoridade competente que suspenda como medida de precaução o início do projeto denominado ”CAMPANHA DE AQUISIÇÃO SÍSMICA OFFSHORE ARGENTINA; BACIA NORTE ARGENTINA (ÁREAS CAN 108, CAN 100 E CAN 114)”, até que uma avaliação ambiental estratégica tenha sido realizada, e todas as disposições da legislação ambiental nacional e internacional em pleno vigor e efeito, tenham sido rigorosamente cumpridas.

Impactos sísmicos no mar

Os blocos com licenças de exploração estão localizados no talude, uma área chave para a estrutura ecológica e funcional do mar argentino e da região, com uma forte influência da corrente Malvinas, e onde a maior e mais produtiva frente marítima é gerada a nível regional. As áreas frontais influenciam os processos de produtividade biológica, a estrutura de redes tróficas, histórias de vida, fluxos de CO2, entre outros, e por isso sua conservação é uma prioridade.

Os levantamentos sísmicos geram intensas explosões acústicas submarinas que podem ser registradas a milhares de quilômetros de distância. A introdução do ruído no mar pode afetar as funções biológicas essenciais de mamíferos marinhos, tartarugas, peixes e aves. Os efeitos potenciais sobre a vida marinha são diversos e variam de lesões graves à morte, efeitos físicos e/ou fisiológicos, deficiência auditiva, mascaramento e mudanças de comportamento.

Além do impacto da exploração sísmica, a posterior exploração dos recursos de hidrocarbonetos está associada a ameaças potenciais à vida marinha e seus habitats, tais como os riscos de derramamentos de petróleo e emissões de gases da queima de combustíveis fósseis, que agravam os efeitos da mudança climática. Em um cenário onde os efeitos devastadores das mudanças globais se manifestam diariamente, a aprovação deste projeto é um revés para a vida e a saúde do meio ambiente e das pessoas.

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