A fim de contribuir para um oceano mais saudável, o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, enviou às autoridades argentinas o documento técnico “Prospecção Sísmica. Riscos e impactos no Mar Argentino“.
Com o objectivo de informar sobre os impactos da prospecção sísmica no Atlântico Sudoeste, o Fórum preparou o documento “Prospecção sísmica. Riscos e impactos no Mar Argentino”. Esta publicação é um suporte técnico baseado em dados científicos para os tomadores de decisão.
O Mar Argentino apresenta áreas-chave para a estrutura funcional e ecológica do oceano, áreas de alta produtividade e essenciais para a migração, reprodução e alimentação de várias espécies que devem ser conservadas.
A “Campanha de Aquisição Sísmica Offshore; Bacia Argentina Norte (Áreas Can 108, Can 100 e Can 114)”, aprovada pelo Ministério Nacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, impacta na biodiversidade em áreas identificadas por esta carteira como prioritárias para a conservação marinha, e foram mesmo candidatas a tornar-se áreas marinhas protegidas (Frente do Talude Continental).
O Mar Argentino, bem como as áreas comuns com o Uruguai, seu mar, e todo o Atlântico Sudoeste, podem sofrer diretamente os efeitos da busca de hidrocarbonetos, tanto devido ao impacto dos canhões sonoros utilizados nesta atividade, como às possíveis consequências que a extração de petróleo pode gerar.
Uma avaliação realizada pela Universidade Nacional do Centro da Província de Buenos Aires, revelou que a probabilidade de ocorrência de derrames durante a exploração offshore de petróleo, pode chegar a 100% para alguns níveis de produção estimados para a Plataforma Argentina. Os acidentes podem mesmo ser provocados por fatores localizados a longas distâncias do local do derramamento. Por exemplo, em 15 de Janeiro, mais de 6.000 barris de petróleo bruto foram derramados ao longo da costa do Peru, como resultado aparente da erupção de um vulcão submarino em Tonga, a 10.000 km de distância.
Em um cenário onde os efeitos devastadores das mudanças globais se manifestam diariamente, este projeto constitui um passo atrás para a vida e a saúde do meio ambiente e das pessoas.
É urgente que a Argentina inicie uma transição energética gradual para a descarbonização, dando impulso às transformações tecnológicas, regulamentares, sociais e laborais para este fim. Esta transição pode levar tempo, mas é necessário colocá-la no topo da agenda.
O mar não conhece limites, e isto implica um risco nacional e internacional que exige a responsabilidade inevitável dos gestores públicos, das empresas e da comunidade em geral para avaliar e monitorar os impactos, e desenvolver alternativas para mitigá-los o máximo possível.
Portanto, o Fórum solicita às autoridades argentinas que considerem os antecedentes do documento técnico, a fim de suspender, como medida de precaução, a referida campanha de prospecção sísmica.
Em Julho de 2021, o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, participou da primeira audiência pública realizada na Argentina e explicou porque é que o mar pede silêncio.
Havia mais de 500 oradores, a maioria dos quais, era contra a prospecção sísmica.
A audiência durou três dias e está disponível no canal YouTube do Ministério Nacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Alguns habitats no Atlântico Sudoeste foram identificados como sendo de alto valor de conservação da biodiversidade, particularmente para espécies endêmicas ou ameaçadas, e relevantes para a funcionalidade estrutural e ecológica do ecossistema alvo.