Diálogos multissetoriais para solucionar a poluição plástica de origem pesqueira em Chubut

Diálogos multissetoriais para solucionar a poluição plástica de origem pesqueira em Chubut 1600 900 Foro para la Conservación del Mar Patagónico
A reunião representa um marco sem precedentes, reunindo representantes e trabalhadores do setor pesqueiro para discutir a poluição por resíduos plásticos da pesca e identificar conjuntamente soluções locais.

Com a participação de 50 representantes de diferentes câmaras e sindicatos do setor pesqueiro e estudantes do curso Técnico em Administração Portuária, foi realizado em 25 de outubro o workshop “Resíduos plásticos marinhos, um problema comum” no salão do Sindicato Unidos Portuários Argentinos (SUPA) do Porto de Rawson. A reunião foi organizada conjuntamente pela Unidade Executora Portuária Provincial da Secretaria de Pesca de Chubut e pelo Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, no âmbito do Projeto: Fortalecimento da Resiliência das Áreas Marinhas Protegidas da Argentina (Projeto MaRes).

Capacitação sobre a gestão de resíduos plásticos de origem pesqueira na sede de Rawson do Sindicato Unidos Portuários Argentinos (SUPA)

Em uma colaboração entre a Unidade Executora Portuária Provincial de Chubut e o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, esse workshop foi realizado para fortalecer a capacitação de profissionais envolvidos na atividade pesqueira. O principal objetivo desse evento foi promover o diálogo construtivo e a implementação de boas práticas na gestão de resíduos, especialmente plásticos, tanto a bordo das embarcações quanto nos portos. Vale ressaltar que esse workshop, o segundo de sua série, faz parte do projeto “Fortalecimento da Resiliência das Áreas Marinhas Protegidas da Argentina” e é uma continuação da reunião anterior realizada na Escola Nacional de Pesca em Mar del Plata no final de agosto.

A capacitação contou com a participação ativa de 50 representantes de diferentes setores ligados às atividades pesqueiras que operam principalmente no Porto de Rawson, entre os quais estavam presentes membros da Associação de Pescadores Artesanais de Chubut (APARCh), da Câmara da Frota Amarela de Chubut (CAFACh), a Câmara Argentina Patagônica de Indústrias Pesqueiras (CAPIP), o Sindicato dos Condutores Navais Argentinos (SICONARA), o Sindicato dos Trabalhadores Marítimos Unidos (SOMU), o Sindicato Unidos Portuários Argentinos (SUPA) e estudantes do curso Técnico Universitário em Administração Portuária da Universidade Tecnológica Nacional (UTN).

UM PROBLEMA COMUM

A mitigação da entrada de resíduos plásticos no mar exige a articulação e a capacitação dos esforços de vários atores. O workshop “Resíduos plásticos marinhos, um problema comum* não só busca aumentar a conscientização e fortalecer as capacidades dos trabalhadores do setor pesqueiro para promover a adoção de boas práticas para a gestão de plásticos e outros resíduos, mas também incentivar a troca de perspectivas e conhecimentos entre os principais atores.

Em Chubut, diferentemente de outras áreas costeiras da Argentina, uma grande proporção de resíduos plásticos tem origem em atividades pesqueiras. Isso é evidenciado pelos resultados dos programas de censo e limpeza realizados pelo Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Chubut e pelo Ministério de Turismo e Áreas Protegidas de Chubut, com o apoio da Secretaria Provincial de Pesca.

Elefantes-marinhos afetados negativamente pela poluição plástica. Fonte: Alejandro Carribero

Daí a necessidade de articular ações e entender o problema com uma abordagem abrangente e multissetorial, envolvendo atividades a bordo e no porto.

Diego Gonzalez Zevallos, coordenador do componente “Redução de resíduos plásticos de origem pesqueira” do projeto, afirmou que: “esse workshop de capacitação com os sindicatos e câmaras de atividades pesqueiras marcou um primeiro ponto de encontro em que diferentes setores expressaram sua preocupação com o problema dos plásticos no mar e em que se concordou em trabalhar juntos em um diálogo de conhecimento e não seguir o caminho da culpa, já que a única maneira de abordar essa complexidade ambiental é integrando setores, gerando bons vínculos e unindo esforços”.

Capacitação sobre a gestão de resíduos plásticos de origem pesqueira na sede de Rawson do Sindicato Unidos Portuários Argentinos (SUPA)

DINÂMICA PARTICIPATIVA

O Workshop foi aberto por Celia Andrade, Diretora de Portos de Exploração Direta da Secretaria de Pesca de Chubut, que disse: “Acredito firmemente no poder do aprendizado compartilhado, na colaboração e que a ação coletiva é a força motriz da mudança, e é por isso que essa iniciativa é um reflexo do compromisso de liderar a mudança na gestão de resíduos em nosso porto“.

O Workshop teve um primeiro bloco de apresentações dos membros do Projeto “Fortalecimento da Resiliência das Áreas Marinhas Protegidas da Argentina”: Julia Guzman da Fundación Vida Silvestre Argentina (FVS), Roxana Schteinbarg do Instituto de Conservação de Baleias (ICB) e Diego González Zevallos (CONICET e ICB). Nesse segmento, os participantes discutiram os problemas, sua origem, impactos e soluções existentes relacionados a possíveis estratégias de economia circular, com ênfase na geração de cenários participativos para a implementação de ações coordenadas entre todos os setores envolvidos. Fernando Pegoraro, Subsecretário de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, e Marta Machado, Diretora de Programas Ambientais, também participaram e compartilharam as ações no âmbito do Programa de Censo e Limpeza Costeira em Chubut.

Durante o segundo bloco, facilitado por Alexandra Sapoznikow, da Fundación Cambio Democrático (FCD), foi realizada uma atividade em grupo. Por meio de slogans específicos relacionados à gestão de plásticos a bordo e nos portos, estivadores, tripulantes, armadores, maquinistas, marinheiros e pescadores artesanais contribuíram com ideias e possíveis soluções baseadas em suas experiências. Entre as mais destacadas, podemos citar: Infraestrutura a bordo e no porto para melhorar o descarte diferenciado de resíduos, sinalização informativa e campanhas de conscientização, fortalecimento dos vínculos com cooperativas de reciclagem e busca de opções locais para gerar circuitos de economia circular a fim de aproveitar os resíduos plásticos da atividade pesqueira.

A reunião abriu um canal de diálogo que permitiu uma troca de pontos de vista e que os diferentes atores associados à atividade pesqueira compreendessem os desafios da gestão de resíduos a bordo e no porto. Foi uma ótima oportunidade para estabelecer vínculos entre as organizações do Fórum, a administração do Porto de Rawson e as câmaras de pesca e sindicatos do setor, o que permitirá trabalhar na busca de soluções conjuntas para melhorar a gestão de resíduos de pesca no Porto de Rawson“, resumiu Alexandra Sapoznikow.

Capacitação sobre a gestão de resíduos plásticos de origem pesqueira na sede de Rawson do Sindicato Unidos Portuários Argentinos (SUPA)

RESILIÊNCIA COLETIVA

“No Porto como no Mar, nós nos comportamos como em nossas casas”.

Essa reunião possibilitou a construção conjunta de uma valiosa conclusão: não há solução isolada para os desafios que enfrentamos na redução da quantidade de plástico proveniente da pesca nos mares, na conservação da biodiversidade e no fortalecimento das Áreas Costeiras e Marinhas Protegidas (ACMP).

Celia Andrade, Diretora de Portos de Exploração Direta da Secretaria de Pesca de Chubut, ao final da reunião, disse que “foi uma experiência extremamente enriquecedora e valiosa. Permitiu que todos os participantes ampliassem seus conhecimentos e compartilhassem experiências” e acrescentou que “enfrentar esse desafio de forma eficaz e sustentável é uma responsabilidade compartilhada”: “Acredito firmemente no poder da ação coletiva para alcançar mudanças positivas e sustentáveis em nossas costas“.

Por sua vez, Fernando Pegoraro (MAyDS), disse: “Considero essa reunião muito positiva para abordar o problema dos plásticos no mar, pois tivemos a oportunidade de ouvir as experiências em primeira mão do setor pesqueiro e o que eles consideram relevante nessa discussão. Para nós, como ministério, é de grande ajuda poder identificar os principais aspectos do funcionamento diário do setor pesqueiro que, sinceramente, não conhecíamos, já que não podemos entrar a bordo dos barcos. É uma informação muito útil para desenvolver um plano de ação e conscientização conjunta.

A resiliência coletiva torna-se um pilar fundamental nessa jornada. Entendemos que nossas ações afetam diretamente os ecossistemas costeiros e marinhos vitais, sua riqueza de vida e, por fim, a saúde e o bem-estar de todos. Juntos, continuaremos a trabalhar de forma cooperativa para construir um futuro mais sustentável e seguro para nossas comunidades e nosso meio ambiente.

Mantenha-me informado

Subscreva a nossa newsletter gratuita