A capacitação fez parte do Seminário Abordagem Ecossistêmica da Pesca, oferecido pela Escola Nacional de Pesca com o objetivo de promover uma visão integral do ambiente marinho. Os tópicos abordados incluíram a gestão do lixo marinho plástico, capturas acessórias de condrictianos, aves, mamíferos e tartarugas marinhas, bem como a conscientização sobre o papel das mulheres e a diversidade no setor.
O workshop foi conduzido por Leandro Tamini e Leandro Nahuel Chavez, que fazem parte do Programa Marinho de Aves Argentinas (AA), e facilitado por Lucio Savignano, representante da Fundación Cambio Democrático (FCD), com a colaboração de Veronica García, da Fundación Vida Silvestre (FVS). O evento, que contou com a participação de 43 alunos do curso de Capitão de Pesca e Piloto de Pesca, teve como objetivo conscientizar sobre o problema da captura acidental de aves marinhas e suas principais causas, além de promover a adoção de boas práticas para mitigá-la.
Rafael Guiñazu, Secretário de Extensão e Ligação da Escola Nacional de Pesca, destacou que: “o trabalho conjunto que está sendo realizado com as Organizações do Fórum é de vital importância para a formação integral dos oficiais de pesca e sua compreensão das implicações da interação com o ambiente em que trabalham” e, particularmente, para “a mitigação das capturas acessórias por meio do uso de linhas de afugentamento de aves ou linhas para assustar pássaros“.
Com relação ao trabalho de articulação com a Escola Nacional de Pesca, Leandro Tamini (AA) destacou que a instituição “tem em suas salas de aula aqueles que tomam e tomarão decisões na atividade pesqueira. Como o cuidado com o meio ambiente nesse setor tem que ser uma decisão, é muito importante que o projeto atinja esse público para desenvolver o treinamento e, assim, influenciar positivamente a visão que eles têm sobre o ambiente marinho“.
A captura acessória ou acidental, também conhecida como “captura acidental não intencional” ou “captura não-alvo”, refere-se à captura não intencional de espécies indesejadas. Em outras palavras, são aquelas espécies de animais que não eram o alvo principal da pescaria, mas que acabam sendo capturadas em redes, anzóis ou outros equipamentos de pesca junto com as espécies-alvo.
Como resultado da interação de aves marinhas com embarcações e equipamentos de pesca, a captura acessória é uma ameaça para albatrozes e petréis. A combinação de baixas taxas de fecundidade e alto cuidado parental torna as populações de aves marinhas particularmente vulneráveis aos impactos da captura acidental, colocando muitas dessas espécies em risco de extinção.
O uso de linhas de afugentamento de aves é uma solução eficaz, simples e econômica para mitigar esse problema. Por esse motivo, seu uso foi estabelecido em diferentes pescarias em todo o mundo e, em nível nacional, a Resolução 03/17 do Conselho Federal de Pesca estabelece seu uso obrigatório em arrastões congeladores que utilizam redes de arrasto de fundo. No entanto, sua implementação ainda é escassa, atingindo um total de aproximadamente 7 embarcações.
Abordando a captura acidental de forma prática
A atividade não se limitou a uma explicação teórica, pelo contrário, Leandro Nahuel Chavez desenvolveu uma atividade prática em que os participantes montaram uma linha de afugentamento de aves para aprender sobre cada parte integrante dessa medida de mitigação. “Alguns que já estavam familiarizados se ofereceram para a tarefa. Ao ler e interpretar o documento para o pessoal de bordo, eles puderam reconhecer que a construção e a implantação de linhas para afugentar aves é uma ação muito fácil de ser executada a bordo“, observou Chavez.
Por meio de um diálogo fluido com os participantes, a equipe do projeto conseguiu aprofundar sua compreensão dos obstáculos na implementação das linhas para afugentar aves e discutir possíveis soluções. Sobre esse ponto, Savignano observou que: “a reunião permitiu que os membros das organizações participantes aumentassem sua compreensão da situação, criassem confiança e alimentassem os canais de diálogo e colaboração para conservar as espécies de aves ameaçadas pela pesca”. Além disso, “foi uma oportunidade de consultar as opiniões das pessoas presentes sobre a situação das espécies de aves ameaçadas e o impacto da pesca”.
O treinamento sobre medidas de mitigação para reduzir a captura acidental de aves marinhas representa um passo significativo para a promoção de práticas de pesca responsáveis e sustentáveis. Essa iniciativa destacou a implementação das linhas para afugentar aves para lidar com a captura acidental de aves marinhas como parte de uma abordagem ecossistêmica da pesca.
Sobre o projeto Fortalecimento da Resiliência das Áreas Marinhas Protegidas da Argentina:
O objetivo desse projeto é promover ações destinadas a garantir que os ecossistemas do Mar Argentino mantenham a integridade de sua biodiversidade com medidas destinadas a facilitar sua capacidade de adaptação e mitigação diante das mudanças climáticas e contribuir para a saúde e o bem-estar das pessoas.
O projeto é coordenado pelo Fórum para a Conservação do Mar da Patagônia e Áreas de Influência e implementado por oito de suas organizações membros:
Essas organizações buscam, por meio de articulação e participação, gerar uma melhor compreensão do problema da poluição marinha por plásticos provenientes de operações de pesca sobre a biodiversidade do Mar da Patagônico e, assim, promover soluções abrangentes e sustentáveis para evitá-la, a fim de proteger e conservar os ecossistemas marinhos da Argentina.