Na quinta-feira 1º de Julho, o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Argentina realizou a primeira audiência pública naquele país, para ouvir as opiniões do público sobre o estudo de impacto ambiental do projeto que vai buscar hidrocarbonetos (prospecção sísmica) nos blocos CAN 108, CAN 100 e CAN 114, localizados na Bacia Norte Argentina da Plataforma Continental, a 300 km de Mar del Plata.
A audiência começou com uma apresentação da empresa norueguesa Equinor, que detém a licença para realizar a exploração, e continuou com a apresentação do relatório do estudo de impacto ambiental pela empresa de consultoria Serman & Asociados S.A.
Entre 2017 e 2020, o Ministério da Energia concedeu autorizações para estudos sísmicos em mais de 1.000.000 km2 de superfície marítima até 2028. Como resultado destes estudos, 38 blocos foram oferecidos em concessão e 18 deles foram concedidos a 13 empresas de energia, sem consulta pública. Este é o primeiro projeto de exploração sísmica em três destes blocos cujo estudo de impacto ambiental é submetido a uma audiência pública.
O Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência participou no primeiro dia da audiência através de sua coordenadora Alexandra Sapoznikow, que fez referência ao fato de que parte das áreas concedidas para prospecção sísmica se sobrepõem em grande parte às áreas identificadas em 2016 pelo Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável como áreas prioritárias para a conservação e áreas marinhas potenciais. Essas áreas abrigam alta biodiversidade e são o cenário de importantes processos ecológicos como a desova de espécies importantes ecológica e comercialmente, migração de lulas e alimentação de aves, tartarugas e mamíferos marinhos.
Sapoznikow também argumentou que a prospecção sísmica e as atividades potenciais de extração de petróleo vão contra os acordos internacionais que a Argentina subscreve, tais como a Convenção sobre Diversidade Biológica e suas Metas de Aichi, que promove a criação de áreas marinhas protegidas, e o Acordo de Paris, que busca reduzir a mudança climática através da minimização das emissões de gases de efeito estufa.
No levantamento sísmico, os navios realizam explosões com canhões, cujas ondas sonoras chegam o fundo do mar, ricocheteiam e são captados pelos navios. Desta forma, são identificados o terreno e as possíveis áreas de extração de hidrocarbonetos. O som emitido pelos canhões pode alcançar 260 decibéis e é comparável ao produzido por um terremoto ou erupção vulcânica submarina; pode atingir uma distância de 4000 km (como de La Rioja até Tierra del Fuego).
Este som é extremamente superior aos níveis habituais no ambiente marinho e modifica o comportamento das espécies, desde as menores, como o plâncton, até as maiores, como os mamíferos marinhos ou as lulas gigantes. O som emitido confunde sua comunicação, dificulta a percepção de seu entorno e a movimentação em habitats relevantes, causa reações de estresse, interfere com suas funções vitais, reduz a disponibilidade de presas e pode levar a lesões físicas e fisiológicas e até mesmo à morte.
A exploração e o aproveitamento de hidrocarbonetos são atividades que precisam ser avaliadas em conjunto antes de começarem. Os impactos são difíceis de controlar e calcular, então que critérios existiam na avaliação para considerar que tal atividade poderia ser considerada de baixo risco?
Havia mais de 500 oradores (a grande maioria se opunha à prospecção). Os três dias da audiência podem ser vistos no canal youtube do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
O roteirista de Deus.
Enquanto se realizava a primeira audiência pública sobre a exploração sísmica no oceano argentino, na última sexta-feira no Golfo do México ocorreu uma explosão no mar devido a um vazamento de gás na plataforma petrolífera da companhia petrolífera estatal Pemex. De acordo com a empresa mexicana, o incêndio foi extinto após cinco horas. Nenhum ferimento foi relatado, mas pouco se sabe sobre os efeitos da explosão sobre o ecossistema marinho.
Explosão no Mar Cáspio.
Uma explosão e um incêndio irromperam no Mar Cáspio, ao largo da costa do Azerbaijão, no domingo. De acordo com a mídia azeri, a explosão ocorreu em uma plataforma pertencente à empresa estatal de petróleo e gás Socar, noticiou a agência de notícias Sputnik.
O comitê do Azerbaijão para a proteção dos direitos dos trabalhadores do petróleo disse que o incêndio havia ocorrido no campo de gás Umid, uma antiga área de exploração. Socar negou a reclamação, conforme o relatado por Reuters, e disse que era devido a um vulcão de lama. A causa oficial da explosão e do incêndio ainda não foi confirmada.
O Mar Cáspio é a principal fonte das exportações de gás do Azerbaijão para a Europa.
Novo documento.
O Fórum tem um grupo de trabalho que analisa a prospecção sísmica e desenvolveu o relatório: “Situação atual, riscos e impactos da prospecção sísmica na Argentina”. O documento será enviado para as autoridades nas próximas semanas e estará disponível em nossa seção: publicações.