Em uma ação conjunta entre o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, o Grupo IBERCONSA SA e a equipe técnica do Programa Marinho da Aves Argentinas, soluções inovadoras estão sendo implementadas para mitigar a captura incidental de aves marinhas na pesca argentina. Uma das principais estratégias nesse sentido é a instalação de um sistema de monitoramento eletrônico a bordo do navio pesqueiro CERES do Grupo IBERCONSA SA.
Essa é uma iniciativa desenvolvida no âmbito do Projeto MaRes, financiado pela União Europeia, que, entre outros objetivos, visa fortalecer a resiliência das Áreas Costeiras e Marinhas Protegidas (ACMPs) da Argentina por meio da promoção de práticas de pesca responsáveis e sustentáveis.
O trabalho em andamento destaca a necessidade de aumentar as ações de colaboração entre o setor pesqueiro privado e as organizações de ciência e conservação para gerar resultados relevantes na proteção da biodiversidade marinha.
Este ano, como parte de um acordo-quadro entre a Aves Argentinas e o Grupo IBERCONSA, foram instaladas duas câmeras no navio CERES para monitorar o uso de linhas de afugentamento de aves ou linhas espanta pássaros (LEPs). Essas linhas, equipadas com impedimentos, foram projetadas para reduzir as colisões fatais de aves com cabos de arrasto, como o albatroz-de-sobrancelha-negra. Ao afastar as aves das áreas de risco durante as operações de arrasto, as LEPs desempenham um papel fundamental na conservação dessas espécies ameaçadas.
“Há um compromisso crescente do setor pesqueiro em implementar boas práticas de pesca, especialmente aquelas voltadas para a conservação de espécies ameaçadas de extinção. É essencial que esse compromisso e o apoio das organizações da sociedade civil sejam mantidos ao longo do tempo para que haja mudanças significativas”. Leandro Tamini – Coordenador do Programa Marinho de Aves Argentinas e do Componente de Mitigação de Capturas Incidentais e Boas Práticas de Pesca do Projeto MaRes.
Resultados animadores: 232 albatrozes protegidos
Até novembro de 2024, foram analisadas imagens de cinco viagens de pesca conduzidas pelo CERES, verificando sua correta implementação e uso e comparando-as com as imagens obtidas dos relatórios do capitão a bordo. Os resultados foram animadores:
O uso das linha-espanta-aves (LEPs) excedeu 85% do tempo de arrasto em cada viagem, atingindo uma média de 96%.
Estima-se que 232 albatrozes-de-sobrancelha-negra tenham sido impedidos de bater e morrer nas linhas de pesca, um número que destaca a importância dessas medidas para a conservação de espécies vulneráveis.
“Workshops participativos com membros da tripulação são cruciais para a conformidade com o uso de medidas de mitigação. O pessoal de bordo comprometido com as boas práticas de pesca garante a conservação das espécies.”- Nahuel Chavez, Programa Marinho de Aves Argentinas.
Inovação e aprimoramento contínuo
O sistema de monitoramento eletrônico não apenas permite a verificação da conformidade com as melhores práticas de pesca, mas também oferece a oportunidade de aprimoramento contínuo. Atualmente, a equipe técnica está trabalhando com engenheiros para otimizar os ângulos de foco das câmeras, o que permitirá uma observação mais precisa do funcionamento das LEPs e de sua interação com as aves marinhas.
Os próximos passos incluem a instalação desse sistema em outros dois navios do Grupo IBERCONSA, o VENTARRÓN I e o GÉMINIS, ampliando assim o alcance da iniciativa, que reforça o compromisso do setor pesqueiro com a proteção da biodiversidade no mar argentino.
“Como entidade, nosso compromisso com a sociedade se reflete em iniciativas que promovem a sustentabilidade e contribuem para o desenvolvimento local e comunitário.” Representantes do Grupo Iberconsa SA.
Um modelo colaborativo para a conservação marinha
A construção de alianças entre empresas pesqueiras e organizações de conservação é essencial para proteger espécies emblemáticas como o albatroz-de-sobrancelha-negra, o petrel-gigante-do-sul, o albatroz-real-do-sul e o pomba-do-cabo, entre outras espécies que habitam nosso mar.
Nesse sentido, o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência continua apoiando propostas de colaboração em que a biodiversidade marinha e as atividades humanas possam coexistir em equilíbrio.