A iniciativa destaca a necessidade de fortalecer o engajamento jornalístico na divulgação de questões fundamentais para a integridade dos ecossistemas marinhos. E foi organizada pelo Fórum para a Conservação do Mar Patagônico, a Fundação Patagonia Natural e a Embaixada da Irlanda, no âmbito do Projeto MaRes, com o apoio da União Europeia.
As Áreas Costeiras e Marinhas Protegidas (ACMPs) são ferramentas fundamentais para a conservação e oferecem soluções eficazes em um presente marcado por mudanças climáticas e degradação ambiental. No entanto, a falta de conscientização sobre sua importância e a má compreensão dos desafios enfrentados por essas áreas dificultam que a sociedade desempenhe um papel mais proativo em seu cuidado.
Nesse contexto, e reconhecendo o papel essencial da mídia na formação da opinião pública, a viagem “Descobrindo a resiliência marinha na Argentina: uma viagem às áreas marinhas protegidas”, procurou abordar esse cenário por meio da participação de jornalistas. Por meio de visitas a locais ecologicamente importantes e acompanhados por especialistas das organizações membros do Fórum em questões como monitoramento da biodiversidade, poluição plástica e captura acidental, um grupo de cinco jornalistas pôde mergulhar nos desafios e oportunidades da conservação marinha no mar da Patagônia.
A viagem foi realizada entre 31 de outubro e 3 de novembro, com a participação de referências da mídia: Mariano García (Telefe Noticias); Jason Mayne (Trece TV e Todo Noticias); Agustina López e Juan Chavez (Todo Noticias) e Mauricio Federovisky, (Ambiente y Medio, América TV).
Durante a viagem, os convidados embarcaram nas águas do Golfo Nuevo e fizeram um passeio de observação da fauna marinha; visitaram a Reserva de Vida Silvestre “San Pablo Valdés”, na Península Valdés, e a emblemática Área Natural Protegida “Punta Tombo”, no Departamento de Florentino Ameghino. Por fim, eles visitaram o Ecocentro de Puerto Madryn.
A iniciativa foi organizada pelo Fórum de Conservação do Mar Patagônico, juntamente com a Fundação Patagonia Natural e a Embaixada da Irlanda, no âmbito do Projeto MaRes, com o apoio da União Europeia.
Conhecendo para proteger áreas marinhas protegidas
A partir de Puerto Pirámides, o icônico centro urbano da Península Valdés, uma Área Protegida e declarada Reserva da Biosfera no âmbito do Programa MaB (Homem e Biosfera) da UNESCO, o grupo foi observar a vida selvagem. Durante o passeio, foram avistadas colônias de leões-marinhos, grupos de golfinhos e as icônicas baleias-francas a poucos metros do barco.
Paula Faiferman, do Instituto de Conservação de Baleias (ICB), acompanhou essa atividade e apresentou o trabalho realizado pela equipe de pesquisa do ICB, incluindo como a foto-identificação e o monitoramento de longo prazo podem revelar as histórias de vida únicas das baleias, fornecer informações importantes sobre a saúde de sua população e detectar ameaças.
No final do passeio de observação de baleias, eles visitaram a exposição fotográfica “Guardiões dos Oceanos”, focada na baleia franca austral, criada por fotógrafos e pesquisadores do ICB, e participaram de uma “observação sonora de baleias” em Punta Ballena.
Foi assim que Mariano García compartilhou sua experiência nas redes sociais.
Tecnologia a serviço da luta contra a poluição plástica causada pela pesca nas costas da Patagônia.
Acompanhado por Alejandro “Manolo” Arias e Julia Guzmán, especialistas em paisagens costeiro-marinhas da Fundação Vida Silvestre, o grupo foi à Reserva de Vida Silvestre “San Pablo Valdés”, uma área protegida privada de 7.360 hectares, criada em 2005 com o objetivo de conservar amostras representativas dos ecossistemas terrestres e costeiros da Patagônia.
Apesar de sua notável atratividade cênica e abundância de flora e fauna nativas, suas praias enfrentam um sério problema de contaminação por plásticos de origem pesqueira. Ciente dessa situação, a equipe do Projeto MaRes escolheu esse local como um ponto-chave para suas operações, realizando limpezas costeiras, levantamentos aéreos e por drones e monitoramento.
Com a orientação técnica de Lucas Bandieri, do CONICET – CENPAT, os jornalistas participaram de uma atividade na costa da Playa Cormoranes, que teve como objetivo familiarizar os participantes com os protocolos e a tecnologia aplicada, apresentando-lhes estratégias de redução da poluição.
Sobre o uso de drones para pesquisar resíduos plásticos nas costas, Jason Mayne se manifestou nas redes sociais.
Punta Tombo, refúgio de colônias de pinguins de Magalhães
No segundo dia de viagem, acompanhados por José María Musmeci, presidente da Fundação Patagonia Natural, foi realizada uma visita à Reserva Natural Punta Tombo, uma área de 210 hectares de estepe patagônica. Eles viram a importância ecológica desse local como refúgio das mais diversas colônias de aves marinhas da Argentina e da maior colônia continental de pinguins de Magalhães, com quase meio milhão de indivíduos.
Além disso, foram apresentados detalhes do caso do Matança de Pinguins, que deverá estabelecer jurisprudência sobre questões de abuso de animais e danos ambientais.
Ecocentro onde ciência, arte e comunicação se encontram
No final da viagem, juntamente com Veronica Garcia, especialista em Pesca Sustentável da Fundação Vida Silvestre, Julieta Campagna, especialista em monitoramento de biodiversidade da WCS Argentina, e Ingrid Lucero, coordenadora de comunicações do CENPAT – CONICET, o grupo visitou o Ecocentro Pampa Azul em Puerto Madryn, um centro cultural e de interpretação costeiro-marinho que promove a cultura oceânica.
Lá, Julieta Campagna compartilhou sua experiência no monitoramento de espécies, com foco nas colônias de elefantes marinhos e no impacto da gripe aviária. Veronica García apresentou os esforços para promover boas práticas a bordo para reduzir a captura acidental de aves marinhas. E Ingrid Lucero compartilhou sua experiência sobre como comunicar a ciência ao público e os desafios de colocar questões de conservação marinha na agenda da mídia.
Uma viagem para conhecer e entender
A viagem foi uma experiência de alto impacto e aprendizado, tanto para os jornalistas quanto para todos os que participaram da experiência. Ao vivenciar em primeira mão a beleza e a fragilidade desses ecossistemas e dialogar diretamente com os especialistas, os jornalistas puderam ter uma visão detalhada dos principais desafios enfrentados pela conservação marinha, bem como das estratégias de prevenção e mitigação existentes. E os representantes das organizações também puderam aprender mais sobre como os profissionais da mídia trabalham.
Essa iniciativa e seus frutos reforçam a ideia de que a ligação entre ciência e comunicação é uma ferramenta poderosa para melhorar o conhecimento público e a conscientização ambiental.