Jornada de limpeza nas praias da Área Natural Protegida Península Valdés

Jornada de limpeza nas praias da Área Natural Protegida Península Valdés 1300 731 Foro para la Conservación del Mar Patagónico
Entre 11 e 13 de setembro de 2024, um esforço colaborativo foi feito para limpar as praias da Área Natural Protegida Península Valdés, cobrindo 10,2 quilômetros de costa entre Punta Alta e Playa Cormoranes. Essa é a segunda operação realizada na mesma área costeira este ano.
Área Natural Protegida Península Valdés, um tesouro da humanidade e um refúgio da biodiversidade - PH Matías Humphreys

Como resultado do trabalho conjunto entre o Fórum para a Conservação do Mar Patagônico e Áreas de Influência, o governo provincial de Chubut – por meio do Comitê Técnico Provincial de Resíduos Pesqueiros, composto pelo Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turismo e Áreas Protegidas e Ministério da Pesca -, foi realizada uma nova limpeza em uma área onde há um intenso acúmulo de resíduos plásticos que vêm do mar para as costas.

A atividade foi realizada no âmbito do Projeto MaRes, financiado pela União Europeia, com a participação das organizações Fundação Vida Silvestre Argentina (FVS) e Instituto de Conservação de Baleias (ICB), ambos membros do Fórum.

1,8 toneladas de resíduos, em sua maioria de origem pesqueira, destinados à reciclagem e recuperação - PH Matias Humphreys

Essa operação é a segunda realizada na mesma área costeira este ano. A primeira limpeza foi realizada em fevereiro e mais de 10 toneladas de resíduos foram removidas. No entanto, o monitoramento regular dessa faixa costeira revelou um novo acúmulo de resíduos plásticos ligados às operações de pesca.

Diante dessa situação, durante dois dias, uma equipe de 16 pessoas de diferentes agências coletou 38 sacos de lixo, totalizando 1,8 toneladas. Como na campanha de coleta anterior, a maior parte dos resíduos encontrados foi gerada durante as operações de pesca.

Ao lado, um saco de mesoplásticos.

Estratégia de longo prazo: a importância do monitoramento

A necessidade de uma segunda operação de limpeza ressalta a urgência de reforçar as medidas de prevenção e gestão, não apenas em terra, mas também nas operações de pesca e portuárias.

“Diferentemente da campanha anterior, além da coleta de macroplásticos, um trecho de 3 km foi limpo a zero, ou seja, fomos em busca dos mesoplásticos, pois a ideia é saber a proporção de resíduos de todos os tamanhos nessas praias. Dos pequenos, encontramos muitos fragmentos de engradados, tampinhas de refrigerante, pedaços de cordas, cordas e redes. O que mais encontramos dos resíduos macro foram engradados de peixe, nylon e embalagens, fita de empacotamento, resíduos de produtos consumidos em barcos, garrafas plásticas de vários tamanhos”, descreve Julia Guzmán, Analista de Paisagem Costeira e Marinha da Fundação Vida Silvestre.

Resíduos encontrados - PH Matias Humphreys

É fundamental adotar as melhores práticas a bordo para evitar a perda de materiais operacionais que, uma vez no mar, são transformados em resíduos plásticos, melhorar o descarte desses materiais nos navios e avançar em uma gestão adequada nos portos para dar uma nova vida útil aos objetos plásticos que não estão mais operacionais devido ao uso ou à quebra. Nesse sentido, uma gestão eficiente e o diferenciado de resíduos nos portos pode promover iniciativas de economia circular.

Para a disposição final dos resíduos encontrados, foi feita novamente a coordenação com o Sindicato de Alimentos de Puerto Madryn, que removerá as sacolas e separará os resíduos por categorias, que serão entregues a recicladores identificados para recuperação.

Pesquisa pré-limpeza para identificar e marcar pontos de acúmulo e tipos de resíduos.

Além do censo e da limpeza, a iniciativa inclui a coleta de dados para entender a taxa de acúmulo de lixo ao longo da costa. Essas informações, somadas a outras ações complementares de coleta de dados, como os voos realizados neste mês em toda a costa de Chubut, permitirão o ajuste e o aprimoramento de protocolos para futuras intervenções, alcançando maior eficácia com o menor impacto nos ecossistemas, além de serem insumos para a elaboração de estratégias de longo prazo focadas na redução da chegada de plásticos ao mar e às costas.

A equipe rotula e anota informações sobre os macroplásticos que são colocados nas sacolas. As informações coletadas são: quais itens foram encontrados, quantos de cada tipo, o quilômetro onde foram coletados e o peso.

Fernando Pegoraro, subsecretário da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, diz: “É importante observar que essa unidade, Playa Cormoranes, é tomada como referência e é pesquisada periodicamente, a cada 45 dias, para ver o impacto dos resíduos em suas costas. Depois, com as informações coletadas e levando em conta o calendário faunístico, a tábua de marés e a disponibilidade de pessoal, são realizadas as intervenções de limpeza”.

Ele também nos diz que: “Algumas variáveis que têm um impacto significativo no acúmulo de resíduos são: a época do ano, a ocorrência de fenômenos meteorológicos, a temporada de pesca ou a permanência de barcos no porto devido a tempestades. Da parte da Secretaria de Meio Ambiente e Controle do Desenvolvimento Sustentável, além da missão de conscientizar sobre a responsabilidade e a importância de gerenciar adequadamente os resíduos que impactam nossos mares, também queremos avançar no monitoramento de outras áreas para ter mais dados sobre a evolução dos resíduos nas costas”.

Colaboração multissetorial - PH Matías Humphreys

A urgência do plástico no litoral da Patagônia

A gravidade da presença de resíduos plásticos nas costas de Chubut está aumentando. Todos os anos, toneladas de resíduos plásticos, principalmente provenientes de atividades pesqueiras, acabam no mar, afetando diretamente a biodiversidade marinha e seu habitat. Aves marinhas, mamíferos e outros organismos são expostos ao emaranhamento e à ingestão de plásticos, muitas vezes resultando em lesões e até mesmo na morte. Os ecossistemas marinhos da região, reconhecidos mundialmente por sua biodiversidade, estão gravemente alterados e em risco se não forem tomadas medidas imediatas e coordenadas para mitigar essa ameaça.

Nadia Bravo, Subsecretária de Conservação e Áreas Protegidas, compartilha seus pensamentos: “A conservação de nosso patrimônio natural e cultural é uma tarefa contínua, mas enfrentamos um problema complexo e devemos abordá-lo desde suas causas básicas”.

Ele acrescenta: “Precisamos de estruturas legislativas que impeçam a poluição de nossos mares e costas na fonte. Na Subsecretaria de Conservação e Áreas Protegidas, juntamente com o Corpo de Guardiões da Vida Selvagem, continuaremos a apoiar todas as ações de mitigação, mas o fundamental é evitar que os danos ocorram. Para atingir os objetivos de conservação, é essencial uma articulação coordenada entre todos os atores: governo, comunidades e organizações. A biodiversidade que protegemos não é apenas um patrimônio natural de valor inestimável, mas um recurso essencial para a sustentabilidade e a qualidade de vida de nossas comunidades. Nosso desafio mais urgente é garantir que essas políticas sejam implementadas e tenham um impacto real e, para isso, precisamos nos unir, discutir e construir uma estrutura política sólida que garanta a proteção efetiva e permanente do nosso meio ambiente, reconhecendo a complexidade ambiental que enfrentamos”.

O compromisso multissetorial, a conscientização, a implementação de um sistema adequado de gestão de resíduos e a elaboração de uma estrutura regulatória focada na prevenção são algumas das principais ações para garantir a proteção de longo prazo dos ecossistemas costeiros e marinhos da Patagônia. Esse esforço faz parte de uma estratégia mais ampla para restaurar a saúde ambiental das costas e preservar sua biodiversidade marinha.

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